28 de março de 2011

Quem mexeu no meu texto?! Parabéns aos meus caros colegas, revisores de textos!


Vocês sabiam que revisor de textos também tem uma data comemorativa. Pois é, hoje, 28 de março, é o nosso dia! Passado mais um ano de árduo trabalho de ler, de reler e de reler, finalmente chegou mais um Dia do Revisor.

Foi durante a faculdade de Letras que começou a nascer a semente do meu sonho em me tornar uma revisora de textos, pois, lá, descobri que gosto de corrigir textos e também de estudar profundamente a língua portuguesa.

No Brasil, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, até 2007, contávamos com mais de 8.000 profissionais na área de revisor de textos, segundo o levantamento da Relação Anual de Informações Sociais da Pasta (Rais).

Não sei se este número é pequeno ou não, mas acredito que ele está bem distribuído em todo o terrítório nacional. Então, parabéns aos mais de 8.000 profissionais revisores de textos espalhados pelo Brasil. Para comemorar, nada melhor que um texto que descreve bem o nosso trabalho, redigido pelo escritor Gabriel Perissé.

Quem mexeu no meu texto?!



“Tal como o goleiro no futebol, o revisor, na editora, é aquele que evita o pior (o gol adversário, o erro de digitação, a escorregada gramatical, a incoerência que ninguém percebeu etc.).

No entanto, é também o revisor quem mais sofre com as derrotas de um texto. Ele é o último homem (ou a última mulher) a ler o livro antes da fase de impressão gráfica, quando não há retorno…

Monteiro Lobato dizia que a tarefa do revisor era das mais ingratas. Que o erro ou a falha se escondiam durante o processo de confecção do livro para, depois de tudo pronto, aparecer na primeira página aberta, como um saci danado, pulando, debochando do revisor.

O revisor é um caçador de distrações. Uma de suas maiores alegrias (em que há uma pitada de vaidade) é encontrar deslizes do autor, perceber as gralhas que ninguém viu antes, corrigir detalhes que iam passar despercebidos.

O revisor revisa com amor.

O revisor sai de manhã, caneta em punho, em busca de verbos mal conjugados e vírgulas fugitivas.

O revisor revisa com dor.

O revisor chega em casa, à noite, com o coração cheio de parágrafos amputados e tópicos frasais remendados.

O revisor revisa com ardor.

O revisor enfrenta moinhos de vento que de fato moem o vento de palavras que o vento não leva.

Madrugadas insones, manhãs e tardes quentes, noites chuvosas, o revisor vai pulando as linhas e entrelinhas do texto em busca das ciladas armadas sabe Deus por quem.

O revisor entrega o seu trabalho bem suado e abençoado. Recebe as moedas de prata que são, na verdade, moedas de ouro. Recolhe seus instrumentos de caça, enxuga o rosto, sorri. Sabendo que o autor poderá reclamar de suas intervenções, que poderá referir-se ao revisor, gritando: quem mexeu no meu texto?!

O mérito da frase perfeita é do autor.

O crime do erro cometido será do revisor.

O revisor, porém, não se considera um injustiçado. O revisor vitimista abandonou a profissão no primeiro dia. O verdadeiro revisor, como o goleiro no futebol, sabe que nasceu para ficar ali, na pior posição de todas, para agarrar centenas de bolas difíceis e, talvez, deixar passar a mais fácil de todas.

Oços do ofíssio.”

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