17 de fevereiro de 2010

Prepare seu português (1)

Para quem quer assumir novos desafios este ano, aprimorar a própria expressão em língua portuguesa não é problema a ser minimizado.

O desempenho no próprio idioma em diferentes situações formais é, em geral, tomado como diapasão de outros atributos da pessoa. Se somos descuidados com o português, no que mais seremos descuidados? Se alguém fala comigo de forma truncada, pode errar em outros momentos do nosso relacionamento.


(...)

As dicas que seguem podem tornar a expressão em língua portuguesa um obstáculo a menos a ser superado, ante os outros que o ano anuncia."

1. A concordância na volta das férias
Cuidado antes de contar como passou a virada de ano e as horas de lazer.

O tropeço: "Fazem" três semanas que viajei.
A explicação: "Fazer", quando exprime tempo, é impessoal, fica no singular.
O correto: "Faz" três semanas que viajei.

O tropeço: Chegou "em" São Paulo "a" dois dias e partirá daqui "há" cinco horas, a trabalho.
A explicação: Verbos de movimento exigem "a", e não "em" (vai ao cinema, levou a família à praia).
O correto: Chegou "a" São Paulo "há" dois dias e partirá daqui "a" cinco horas, a trabalho.

O tropeço: "Houveram" muitos carros na estrada.
A explicação: "Há" indica passado (= "faz") e "a" indica distância ou tempo futuro (não equivale a "faz"). "Haver", como "existir", é invariável.
O correto: "Houve" muitos carros na estrada.


O tropeço: "Há" dez dias "atrás" eu estava no Nordeste.
A explicação: Redundância. "Há" e "atrás" têm a mesma função de indicar passado na frase.
O correto: "Há dez dias eu estava no Nordeste" ou "Dez dias atrás eu estava no Nordeste"


O tropeço: Se eu "ver" o agente de viagens de novo...
A explicação: A conjugação de "ver" é: "se eu vir, revir, previr". Do verbo "vir": "se eu vier".
O correto: Se eu "vir" o agente de viagens de novo...

O tropeço: Eis o roteiro "onde" baseei a viagem.
A explicação: O advérbio ou o pronome relativo "onde" expressa a ideia de lugar: "O hotel onde fiquei".
O correto: Eis o roteiro "em que" baseei a viagem.

O tropeço: Não "lhe" vi no aeroporto.
A explicação: O pronome "lhe" substitui "a ele", "a você", por isso não pode ser usado com objeto direto: "não o convidei"; "a mulher o deixou"; "ele a ama".
O correto: Não o "vi" no aeroporto.


O tropeço: Para "mim" passar o réveillon.
A explicação: O pronome aqui age como sujeito da frase. Portanto,"mim" não passa o réveillon, porque não pode ser sujeito. Daí: "para eu passar", "para eu trazer", "para eu definir".

O correto: Para "eu" passar


O tropeço: Entre "eu" e você.
A explicação: Depois de preposição (no caso, "entre"), usa-se "mim" ou "ti".
O correto: Entre "mim" e você.


O tropeço: Preferi sair da cidade "do que" ficar.
A explicação: Prefere-se sempre uma coisa "a" outra.
O correto: Preferi sair "a" ficar.


O tropeço: A guia era "meia" boba.
A explicação: "Meio", como todo advérbio, não varia (não vai para o plural nem muda de gênero).
O correto: A guia era "meio" boba


O tropeço: "Existe" muitos hotéis na região.
A explicação: Verbos como "existir", "bastar", "faltar", "restar" e "sobrar" admitem o plural.
O correto: "Existem" muitos hotéis na região.

Fonte: Revista Língua Portuguesa

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